UFRN revela que água da Caern tem menor índice de coliformes fecais do que a mineral

sexta-feira, 6 de março de 2015 Pôla Pinto

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Uma pesquisa realizada recentemente pelo Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Larhisa), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que realiza um trabalho permanente de investigação na qualidade da água do Estado, traz um alerta em relação à água utilizada em Natal para consumo humano. O levantamento apontou que 10% das amostras de água da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) continham presença de coliformes fecais, enquanto que nas águas minerais analisadas este índice é ainda mais assustador: 40%. O monitoramento feito pelo laboratório já indicava que, nos últimos anos, a qualidade da água servida pela Caern vem melhorando, enquanto que a água mineral vinha perdendo qualidade. Apesar dos dados apresentados na pesquisa, a Vigilância Sanitária do RN, órgão responsável por fiscalizar a qualidade de água comercializada, garante que a água mineral potiguar é livre de coliformes fecais.
A pesquisa foi realizada em Natal, em todas as regiões administrativas, através de critérios estatísticos, onde é sorteado o bairro, através de setorização, e um novo sorteio indica o domicílio a ser investigado. O pesquisador foi até a residência e coletou uma amostra de água servida pela Caern, colhida diretamente da torneira, e outra amostra de água mineral, colhida da mesma forma como o usuário retira a água, quer seja diretamente do garrafão, de um suporte ou do gelágua. O levantamento foi realizada em 50 domicílios. A pesquisa também foi motivada pelas inúmeras reclamações feitas pelos consumidores ao PROCON em relação a qualidade da água mineral.
Foto: José Aldenir
Foto: José Aldenir
O professor Manoel Lucas, um dos responsáveis pela pesquisa, ressalta que a presença de um alto índice de coliformes fecais na amostragem, não significa que a água mineral que está sendo comercializada, esteja contaminada. Ele acredita que dificilmente a contaminação por coliformes fecais seja oriunda dos mananciais. “Muito provavelmente essa contaminação pode ser feita no manuseio desse garrafão, pois as pessoas não fazem o manuseio da forma correta, limpando com álcool. Além disso, não sabemos se no meio do caminho essa água está sendo falsificada pelos distribuidores. Esta pesquisa vai orientar outras investigações, que poderá indicar, futuramente, onde está água está sendo contaminada, mas o menos provável é que seja da fonte”, explica Manoel Lucas.
“Caso o usuário queira continuar utilizando a água mineral para consumo humano ele terá que obedecer a determinadas regras, se não ele vai estar jogando dinheiro fora. Ele está comprando água e transformando ela em uma água pior do que a que está sendo servida pela torneira. As pessoas bebem água mineral tentando fugir do risco da água da Caern, quando na realidade, hoje, o risco não existe. As pessoas estão jogando dinheiro fora sem nenhuma necessidade”, destaca Manoel Lucas, pesquisador da UFRN.
O professor Manoel Lucas explica que a água de consumo humano tem que ser analisado levando em consideração uma série de parâmetros, como presença de Coliformes Fecais, Nitrato e o grau de pH da água analisada, por exemplo. Hoje, a Caern conseguiu colocar todos os parâmetros dentro da resolução 2.914, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade de água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Em relação a coliformes fecais, o índice aceitável para consumo humano é a ausência. Estatisticamente, segundo o professor, os índices de nitrato estão normalizados.

“A decisão sobre a escolha de qual água deve ser consumida é pessoal, mas hoje, de posse dos dados que eu tenho, recomendo que pode se beber água servida pela Caern sem maiores riscos. A radiografia que temos hoje indica que a água da Caern apresenta menos riscos do que a água mineral”, afirma o especialista. Para quem optar beber água da torneira, o recomendado, segundo o professor, é optar pela que vem direto da rua, ao invés de usar a dos reservatórios (caixa d’água).
Em relação ao pH da água, o professor Manoel Lucas explicou que a portaria do Ministério da Saúde estabelece que, para consumo humano, o pH da água tem que estar entre 6 e 9,5. Todas as águas minerais comercializadas já trazem no próprio rótulo o índice de acidez da água. A maioria dela traz um pH da água é abaixo de 6. “Portanto, essa água já não deveria ser consumida e isso pode estar trazendo um dano à saúde coletiva muito forte, pois menor que o aceitável traz riscos”, explica. No entanto, o levantamento apontou que o pH das águas minerais analisadas foi acima de seis. “Na pesquisa, esse índice foi favorável e isso é motivo de uma nova investigação, pois essa água pode ter sido adulterada, já que trouxe um número acima do que o indicado por eles mesmo no rótulo”, afirma o pesquisador Manoel Lucas.
Vigilância Sanitária
A fiscal sanitária da Vigilância Sanitária, Maria Célia Barbosa, disse que ainda não teve acesso aos resultados da pesquisa realizada pela UFRN, mas que, pelas informações iniciais, a metodologia aplicada diferente da que o órgão de fiscalização realizada. Trimestralmente, a Vigilância Sanitária coleta dados dos garrafões, diretamente dos pontos de compra do consumidor, como estabelece a legislação.
“É uma metodologia e os resultados também, pois a água mineral comercializada no Rio Grande do Norte é livre de contaminação, principalmente por coliformes fecais. Realizamos uma fiscalização permanente, com técnicos da vigilância, no sentido de garantir e atestar a qualidade da água servida”, afirma Maria Célia Barbosa.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Bebidas e Águas Mineral do Rio Grande do Norte, Djalma Barbosa da Cunha Júnior, disse que ainda não conhece o teor da pesquisa e que só irá se pronunciar após analisar o conteúdo e metodologia aplicada na análise.


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